Imagens mostram que carro de motorista de app assassinado por PM teve a lataria reformada após ser levado a pátio do Detran

Gustavo da Silva Xavier foi morto com um tiro no peito pelo policial Jardel Bruno Vieira, do BPTran. O PM estava de folga, com carro particular, e matou o trabalhador depois de uma briga de trânsito. Imagens de câmeras do bairro Portão, em Curitiba, indicam que o policial fugiu depois de bater no veículo do motorista. 

Fotos apresentadas pela família do motorista de aplicativos Gustavo da Silva Xavier, assassinado em Curitiba pelo policial militar de folga Jardel Bruno Vieira, do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), mostram que o carro do trabalhador recolhido sem perícia para o pátio do Detran foi adulterado. 

Nas imagens, é possível ver que no dia do assassinato, quinta-feira (17), véspera de feriado de Páscoa, o carro estava com o capô amassado. Na ocasião, o veículo foi levado ao pátio do Detran sem passar por perícia. Nessa quarta-feira (23), a família conseguiu recuperar o veículo e registrou que o amassado no capô, que aparece nas imagens de câmeras de segurança do dia do assassinato, havia desaparecido.  

Além dessas evidências de adulteração de prova e do local do crime, o desaparecimento do celular do motorista de aplicativos também indica que houve ocultação de provas, já que o aparelho pode ter registrado o que aconteceu antes do assassinato. 

Inquérito atrasado prejudica investigação

Um inquérito policial para investigar o caso na Polícia Civil só foi aberto seis dias depois do crime, na quarta-feira (23). A delegada Magda Hofstaetter, do 18º Distrito Policial, foi nomeada responsável pelas diligências. 

O inquérito só foi aberto após o deputado estadual Renato Freitas (PT) acionar o Ministério Público do Paraná (MP), já no dia seguinte ao crime. O parlamentar pediu que o MP acompanhe as investigações. A Corregedoria e a Ouvidoria da Polícia Militar também foram oficiadas. Com isso, um inquérito policial militar, que na maioria das vezes é arquivado, foi aberto no início da semana. 

Na Notícia Crime protocolada, o parlamentar manifesta quer saber ser mais policiais e agentes públicos podem ter contribuído para a fraude processual, já que no dia o PM disse que estava sendo perseguido e omitiu que se tratava de uma briga de trânsito, sugerindo que Gustavo estaria ligado a algum tipo de crime premeditado, em um desrespeito à família da vítima. 

O documento pediu “instauração imediata de inquérito policial rigoroso, assegurando-se a plena e isenta apuração dos fatos e das circunstâncias em torno da morte do cidadão Gustavo; Requisição urgente da perícia técnica oficial sobre as imagens de câmeras de segurança disponíveis, bem como oitiva imediata das testemunhas presenciais; Solicitação formal à Corregedoria da Polícia Militar para a instauração de processo administrativo-disciplinar com o consequente afastamento preventivo imediato do policial militar Jardel Bruno Vieira de Paiva, enquanto perdurar a investigação; e Apuração detalhada sobre eventual participação ou conivência de outros policiais na tentativa de acobertamento ou alteração da narrativa dos fatos”.

Gustavo foi assassinado na Avenida República Argentina, em uma área movimentada do bairro Portão, em Curitiba. As provas indicam que o policial fugiu depois de bater no veículo do motorista. 

Imagens de câmeras de segurança obtidas pela RIC-TV indicam que houve uma colisão entre o carro pessoal do PM. Gustavo só teria ido atrás porque queria reparação pelo acidente.  Imagens também mostram que após algumas quadras, os carros param, o motorista desce e é morto com um tiro no peito. 

“A impunidade em outros casos de violência policial provoca novas tragédias como essa”, disse Renato Freitas.

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Brunna