Denúncia feita pelo deputado Renato Freitas aponta suspeita de ligação de secretário de Segurança com morte de preso e milícia por meio de nepotismo
O Tribunal de Justiça do Paraná, por meio do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), determinou nesta quarta-feira (4) que o Ministério Público do Paraná (MP-PR) abra investigação contra o secretário de Estado de Segurança Pública, Hudson Teixeira, e seu irmão, Alisson Souza de Andrade.
O inquérito deve apurar denúncia encaminhada pelo deputado estadual Renato Freitas (PT-PR).
A denúncia aponta que em junho de 2023 foi feita uma transferência irregular de um detento do sistema prisional em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, a pedido de Alisson Andrade – na ocasião lotado na Secretaria da Administração e Previdência. Alisson é irmão do secretário de Estado da Segurança Pública.
O detento em questão, Marlon Luiz de Bairros, foi encontrado morto horas após a transferência.
A denúncia aponta ainda que Ananda Chalegre foi indicada para direção do Departamento de Polícia Penal do Paraná (Depen) no lugar de Reginaldo Peixoto. O diretor substituído teria pedido investigação da morte do detento e demitido o corregedor que não fez a investigação.
Ananda assumiu o Depen e o primeiro ato dela teria sido nomear novamente o corregedor que não trabalhava.
O detento Marlon, segundo a denúncia recebida pelo deputado, fazia pagamentos para a milícia da Cidade Industrial de Curitiba, a CIC.
A determinação do GMF reúne documentos do caso. O processo já conta com registros de ocorrências, certidões, e-mails, fotos e detalhes do que teria sido uma trama de “queima de arquivo”.
Renato Freitas denunciou o caso em pronunciamento na Tribuna da Assembleia Legislativa, em 23 de março deste ano. No mesmo dia, o gabinete do deputado encaminhou pedidos de providências ao GMF. Nas redes sociais, milhares de pessoas repercutiram a denúncia.
Paralelamente, ainda em março, Renato protocolou uma convocação ao secretário Hudson Teixeira para que ele fosse coercitivamente à Assembleia Legislativa explicar a situação.
Convencido pelo líder do governo na Casa, deputado Hussein Bakri, de que Hudson compareceria voluntariamente, Renato retirou o requerimento.
Dois meses se passaram e Hudson ainda não compareceu e nem enviou resposta.