Inquérito sobre a morte dos jovens Kelvin e Wender é prorrogado pela segunda vez

Ministério Público pediu prazo de mais 60 dias para conclusão das investigações. Polícia Civil e MP agora têm até 10 de agosto para concluir diligências e ainda ouvir testemunhas. Conteúdo dos depoimentos é sigiloso

A 11ª Promotoria de Justiça de Londrina, do Ministério Público do Paraná (MP), solicitou nessa segunda-feira (09) nova prorrogação do prazo para conclusão do inquérito policial sobre a morte de Kelvin dos Santos, 16, e Wender Bento, 20 anos. Os jovens foram mortos pela polícia em 15 fevereiro, na cidade de Londrina, no Norte do Paraná.

Em ofício, o MP relacionou seis solicitações de informações à polícia, entre elas o andamento da obtenção dos laudos da perícia sobre resíduos de disparos; a análise das imagens e áudios, em especial o minuto 4:12, quando é possível ver o momento em que o carro dos jovens passa, seguido pela polícia e, nos momentos seguintes, ocorrem os disparos; informações sobre a velocidade da viatura envolvida no caso; e o andamento de outras diligências importantes para a investigação.

Com o novo pedido de prorrogação, o inquérito pode ficar pronto até 9 de agosto. No dia 4 de abril, o Ministério Público pediu que a investigação na Delegacia de Homicídios de Londrina, também fosse prorrogada por mais 60 dias. “O inquérito segue regular trâmite e, no momento, aguarda-se a realização de inúmeras diligências requeridas pelo Ministério Público”, diz ofício do MP. 

Em paralelo, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) conduz investigação sigilosa.

O MP informou também que os familiares das vítimas acompanham a investigação por seus advogados constituídos. 

A promotoria recusou a necessidade de federalizar o caso, diante do apontamento do deputado Renato Freitas de que atuação de policiais in loco poderia causar risco às investigações. 

A resposta é assinada pelo promotor de Justiça, Vitor Hugo Nicastro Honesko. 

 

Investigados

Estão envolvidos nos homicídios dos jovens Kelvin e Wender três cabos e um soldado da PM. São eles, Julio Cesar da Silva, Luiz Ricardo Monteiro da Silva, Gabriel Ferreira de Lima Bosso e Jeferson Fontes Longas.

Todos os policiais têm registros de outros “confrontos” que terminaram com mortes suspeitas.

O policial Julio Cesar da Silva irá a júri popular em agosto. O PM já foi afastado do serviço após ser acusado pelo Ministério Público de participação no homicídio do carroceiro Pedro de Melo Domingos, em março de 2016. A morte está relacionada ao episódio que ficou conhecido como “Noite Sangrenta”, quando 12 pessoas foram executadas pela polícia, em janeiro de 2016, após o assassinato do soldado Cristiano Luis Botino. 

O policial deve ser julgado no Tribunal do Júri em sessão agendada para o dia 7 de agosto de 2025. 

Em 2020, o juiz da 1ª Vara Criminal de Londrina, Paulo César Roldão, permitiu que ele e mais outros policiais envolvidos no episódio voltassem ao serviço sob argumento de que já havia passado muito tempo do ocorrido.

O pedido de retorno de atividade de Júlio César, assim como o de outros PMs, está em sigilo. Disponível apenas a decisão em relação a um réu, onde a natureza foi por revogação de medidas cautelares e emitida após solicitação da corporação.

O Ministério Público foi contra alegando “justo receio de que o réu retorne ao serviço operacional e utilize da sua função pública para prática de infrações penais”.

O policial Julio Cesar, assim como o PM Luiz Ricardo, também está envolvido na Chacina do Jardim Felicidade, em fevereiro de 2024, quando seis jovens foram executados, um deles enquanto dormia. 

O PM Jeferson Fontes Longas responde a mais de 20 inquéritos policiais. E o PM Gabriel Ferreira de Lima Bosso participou da ocorrência que terminou com a morte do jovem João Pedro Amorin, de 20 anos, em novembro de 2024.

 

Terror em Londrina

Kelvin e Wender foram mortos a tiros na noite de 15 de fevereiro, na Favela da Bratac, em Londrina, no Norte do Paraná.

Segundo as famílias, os jovens, que eram colegas de trabalho, voltavam de uma comemoração quando foram executados. 

Depois de protestos de moradores, “a PM passou a aterrorizar a já executou outros jovens na cidade. O clima é de terror na periferia”. 

Um dos policiais tem tatuagens de caveiras nos braços que seriam as pessoas que já matou. São mais de trinta.

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autor

Brunna