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Lupion, herdeiro de latifundiários e de linhagem escravocrata, quer incluir o MST no PL Antifacção

Conheça a linhagem da família que e sinônimo de escravidão, grilagem de terretas e lobby ruralista

O deputado Paulo Lupion (Republicanos-PR), líder da bancada ruralista na Câmara, apresentou uma emenda ao projeto de lei Antifacção para incluir, entre as definições de organizações criminosas, os grupos que realizam ocupações de terra, o que pode atingir diretamente movimentos sociais, em especial o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), principal alvo dos ruralistas.

A proposta, que busca associar a luta pela reforma agrária à criminalidade, equiparando-a ao PCC e ao Comando Vermelho, não surge do nada. Está alinhada ao histórico da própria família Lupion: descendente de bandeirantes, marcada por votações contra a PEC do Trabalho Escravo e por governos do Estado do Paraná coniventes com a grilagem e a violência no campo, sempre ao lado dos ruralistas.

Os Lupion

O clã Lupion tem como patriarca um dos mais conhecidos bandeirantes da história do Brasil, Borba Gato, financiador de expedições de mineração de esmeraldas que escravizaram e mataram milhares de indígenas, quilombolas e negros, somado a relatos de estupros de mulheres dessas populações.

Telêmaco Borba, bisneto e autor da biografia de Borba Gato, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Tibagi (PR), era um grande orgulhoso de sua ascendência bandeirante. Em 1885, foi denunciado por manter cinco indígenas Botucatus em condições de escravidão em sua fazenda. Assim como o bisavô, que assassinou Dom Rodrigo de Castelo Branco, Telêmaco também tentou matar um rival político, Joaquim Floriano.

Moysés Lupion

Moysés Lupion foi o primeiro nome da família latifundiária a se perpetuar na política paranaense há mais de um século. Casou-se com Hermina Rolim, neta de Telêmaco Borba, unindo os Lupion a todo esse histórico de escravidão, exploração e assassinato de desafetos políticos.

Moysés se tornou governador do Paraná entre 1947 e 1951, quando sofreu um revés. Depois, teve uma passagem pelo Senado, de 1955 a 1956, sendo novamente eleito governador, permanecendo no cargo até 1961. Por fim, foi eleito deputado federal, de 1963 a 1967. Em todos esses anos se perpetuando na política paranaense, usava de seu poder e influência para se tornar grileiro profissional de terras, aproveitando-se dessas mesmas áreas roubadas como moeda de troca de favores políticos.

Durante o governo Lupion, entre 1949 e 1951, a política de favorecimento a aliados incluía a entrega de terras e o uso da violência para despejar colonos, verdadeiros donos, que já cultivavam a região. Essa conivência com grileiros e jagunços aumentou as tensões e deu início a um conflito conhecido como “A Revolta de Porecatu”, marcada pela resistência de agricultores que chegaram a usar estratégias de guerrilha para defender suas plantações.

A política dos Lupion foi uma das principais responsáveis pela escalada da violência na região, utilizando a polícia estadual e, em alguns momentos, até o auxílio das Forças Armadas para reprimir os trabalhadores. O conflito se encerrou em 1951 com um acordo que deixou claro de que lado o então governador estava: o dos latifundiários.

Em 1957, uma nova revolta de agricultores ocorreu no estado, agora na região Sudoeste. A elite e os jagunços da família Lupion, que tocavam o terror na região, acabaram derrotados na “Revolta dos Posseiros”, quando mais de seis mil camponeses se levantaram contra latifundiários e companhias de colonização, conquistando uma vitória histórica na luta pela terra.

Quando deixou pela última vez o Palácio Iguaçu, Moysés Lupion acumulava 50 mandados de prisão por prática de grilagem, ou seja, roubo de terras. Fugiu da Justiça e se escondeu na fronteira com a Argentina, até voltar a ser eleito deputado federal.

Abelardo Lupion

Abelardo Lupion, outro membro do clã, foi um dos fundadores da União Democrática Ruralista (UDR) no Paraná. Foi deputado federal de 1991 a 2015, vinte e quatro anos no poder, defendendo os interesses das elites latifundiárias. Abelardo foi processado pelo STF por uso de caixa dois e por movimentar mais de R$ 4 milhões em campanhas eleitorais no início dos anos 2000.

Ele também ficou conhecido por ter apresentado, feito lobby e aprovado o projeto de lei que permitiu a venda do veneno glifosato como herbicida em 2004, atendendo aos interesses das empresas Monsanto e Nortox, gigantes do setor. Em “retribuição” ao projeto que as beneficiou, recebeu de presente a fazenda Nova Santa Rita, em Santo Antônio da Platina (PR). A Monsanto e a Nortox também financiaram suas campanhas eleitorais, garantindo que Abelardo continuasse defendendo seus interesses no Congresso.

Em 2004, Abelardo foi um dos dez deputados que votaram contra a PEC do Trabalho Escravo. Poucos anos depois, em 2006, recebeu doação de campanha de uma empresa presente na “lista suja” do trabalho escravo, certamente, orgulhando seus antepassados escravocratas. Abelardo ainda foi citado por delatores da Odebrecht, que lhe atribuíram o apelido de “Lupa”, por suspeita de receber dinheiro para financiamento de campanhas.

Pedro Lupion

Pedro Lupion (Republicanos-PR), responsável por tentar incluir o MST no PL Antifacção, é presidente da bancada ruralista no Congresso Nacional. Defensor de agrotóxicos e aliado das elites do agronegócio, vem atuando pela anistia ao ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL).

Além disso, a família também está presente na Câmara Municipal de Curitiba: a bisneta do ex-governador Moysés Lupion e prima de Pedro, Rafaela Lupion, atua com uma política voltada a projetos que favorecem a elite da cidade, como a instalação de um polo gastronômico e de arquitetura no Centro e no Batel.

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A história do sobrenome que sempre esteve no poder da política paranaense, que constantemente tenta impedir os avanços nos direitos do povo, além de silenciar e envenenar quem luta por terra, comida e justiça.

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