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Após denúncia da família, Policia Militar abre investigação para apurar execução de jovem dentro de apartamento em Cascavel

A Polícia Militar do Paraná instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apuração, do assassinato de Luiz Fernando Mergulhão, 25 anos, executado durante operação em Cascavel, oeste do Paraná. O IPM é um é um procedimento de investigação que tem por finalidade apurar eventuais abusos praticados por agentes da corporação no exercício da função.

O procedimento aberto marca o início da investigação para, enfim, esclarecer as circunstâncias da morte de Luiz Fernando. Após a ação, a família passou dias sem receber qualquer tipo de informação como boletim de ocorrência ou acesso ao mandado judicial que justificasse a ação.

Sonia Ferreira, 58 anos, mãe da vítima foi convidada a prestar depoimento, sobre ação da polícia que resultou na morte do seu filho mais novo. Durante a invasão do apartamento, Sonia e o seu filho mais velho relatam terem sido agredidos e ameaçados pelos policiais, ela teve o braço ferido ao ser atingida pela violência do arrombamento da porta. A família denuncia que Luiz Fernando foi retirado nu do banheiro e executado pelos policiais.

Relembre o Caso

Familiares de Luís Fernando Ferreira Mergulhão, 25 anos, denunciam que o jovem foi assassinado por policiais militares dentro de casa durante uma operação no dia 16 de outubro, em Cascavel. Testemunhas da execução, eles afirmam que Luís estava tomando banho para ir trabalhar quando foi surpreendido pelos agentes. O jovem estava nu, desarmado e sem qualquer chance de defesa.

A mãe e o irmão da vítima relatam terem sido agredidos e ameaçados pelos policiais durante a invasão. Luís Fernando não tinha passagens pela polícia e possuía emprego fixo.

Execução covarde e humilhante

De acordo com o relato dos familiares, eram por volta das 5h40 da manhã quando a mãe de Luís acordou os dois filhos para irem ao trabalho. Enquanto o jovem se preparava para sair, a energia do bloco foi cortada. Nesse momento, os policiais arrombaram a porta e invadiram o apartamento sem apresentar mandado. A mãe de Luís, de 58 anos, ficou ferida no momento da invasão ao ter o braço atingido pela violência do arrombamento da porta. Em seguida, ela foi agarrada pelo pescoço e jogada para fora do apartamento. Enquanto tentava entender a situação, a mãe de Luís alertava os policiais sobre a presença do neto de apenas 3 anos no local.

Durante a confusão, Luís Fernando estava no banheiro tomando banho. Os policiais invadiram o cômodo, Luís foi retirado à força do banheiro ainda nu, apenas cobrindo as genitálias com as mãos, momento em que foi levado para o quarto, local da execução. Ainda de acordo com o depoimento, os agentes mandaram que ele se vestisse, mas, quando o jovem virou de costas, completamente indefeso, recebeu um tiro na nuca.

“Ele estava nu, tomando banho. Como pode ter havido confronto?”, questiona o familiar.

O irmão mais velho, de 33 anos, foi algemado e arrastado para debaixo da escada. A família acredita que ele também seria executado se não fosse pela mãe, que entrou na frente dos policiais e suplicou para que poupassem a vida do filho.

“Eles já tinham matado um e iam matar o outro. Só não mataram porque a mãe segurou no ombro do policial e implorou”, conta o familiar.

A movimentação no corredor do prédio poderia ter sido registrada pelas câmeras de segurança, mas não foi devido ao corte de energia elétrica feito pelos agentes antes da operação.

Após os disparos, os familiares foram impedidos de entrar no apartamento. A mãe, que tem pressão alta, foi obrigada a ficar do lado de fora, sentada no chão, e em estado de choque, tremendo e chorando, após ter o pedido por uma cadeira negado, enquanto os policiais comemoravam o feito cruel e davam risadas dentro da residência.

“Eles não respeitaram ninguém, nem mulher, nem criança. Riam e se parabenizavam pelo que tinham feito”, denuncia.

A equipe do Siate chegou apenas para confirmar a morte.

Depois de horas sozinhos no apartamento, os policiais chamaram os familiares para testemunharem uma “busca” no local, mas permitindo que observassem apenas da porta. Eles levaram celulares, roupas, objetos pessoais e alegaram ter encontrado cápsulas de bala que, segundo a denúncia, não poderiam estar ali.

“Eles implantaram cápsulas debaixo do sofá. Um dia antes, a casa havia sido completamente limpa. Não tinha como ter nada ali. Ele nunca teve arma”, afirma.

Cheio de sonhos e trabalhador

Luís Fernando tinha 25 anos, trabalhava há alguns meses como ajudante de caminhão na cervejaria Ambev e havia sido reconhecido como colaborador destaque do mês. Sonhava em tirar a carteira de motorista, fazer cursos de tatuagem e ajudar a mãe a fazer melhorias no apartamento.

Descrito por colegas e familiares como sorridente, trabalhador e querido, um jovem responsável e carinhoso com as crianças da família.

“Ele era um menino de ouro, iluminado. Não merecia morrer desse jeito”, completa o familiar, emocionado.

Luís morava com a mãe, o irmão e um sobrinho de 3 anos, todos estavam presentes durante a ação. A família afirma que quer justiça, mas não possui condições financeiras para contratar um advogado.

“Pagamos o enterro com o pouco que conseguimos juntar. Até agora não temos acesso a nada: nem boletim, nem mandado, nem explicação”, relata.

O caso de Luís Fernando soma-se a outras denúncias de letalidade policial e violações de direitos humanos no Paraná. Os familiares pedem investigação independente e responsabilização dos agentes envolvidos.

“Eles entraram para matar, não para cumprir mandado. Queremos justiça e que ninguém mais passe pelo que passamos”, conclui.

A família enfatiza ainda que se houvessem câmeras durante a operação seria mais fácil esclarecer os fatos. “Essas operações tinha que ser obrigatório o uso de câmera para esclarecimento né de todo tudo o que acontece dos dois lados tanto da vítima quanto da polícia porque embora se ele tenha feito coisas erradas ou não ele foi uma vítima de uma execução”, defende o familiar.

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