menino-indígena-sede-torneira-sem-agua

Sem água, banheiros e merenda: professores denunciam abandono de colégio indígena e pressão da Seed

A comunidade escolar do Colégio Estadual Indígena Benedito Rokag, localizado na aldeia indígena de Tamarana, na região norte do estado, tem enfrentado uma grave crise de infraestrutura básica. Há cerca de dois meses, aproximadamente duas mil pessoas da comunidade estão sem fornecimento de água potável, os rios próximos estariam contaminados com agrotóxicos.

A situação também tem afetado diretamente o funcionamento da escola, que segue sem condições mínimas de higiene e alimentação. Sem água para cozinhar, os alunos estão sem merenda escolar. Na última quinta-feira (4), os alunos voltaram a se alimentar na escola após a comunidade indígena ir buscar água em outro local.

Cada estudante e servidor precisa levar a própria água de casa. “Eu consigo porque tenho água em casa, mas a realidade da maioria aqui é outra”, afirma um professor.

Segundo a denúncia, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed) tem exigido o funcionamento do colégio e a presença dos profissionais, com cumprimento integral da carga horária e recomposição das aulas já perdidas por falta de água, mesmo sem nenhuma ação de abastecimento ter sido tomada. Em um vídeo enviado junto com a denúncia, um menino indígena, com sede, tenta beber água em uma das torneiras da escola que apenas gotejava.

“Estamos sendo pressionados a cumprir horário, fazer recomposição de aprendizagem, sendo que o colégio não tem água, não tem banheiro funcionando e não tem nem como preparar a merenda dos alunos”, relata um professor da unidade.

Além da falta de água, há denúncias de que águas ao redor da aldeia estão contaminadas por agrotóxicos, fato que já seria de conhecimento público. A única previsão de ação da Seed seria a construção de um banheiro seco que começaria a ser construído em 2026.

De acordo com a denúncia, o representante da Seed que foi até o local afirmou que recursos já teriam sido repassados à direção da escola e que a verba teria sido gasta. A declaração foi feita sem apresentação de qualquer documento que comprove o repasse ou a destinação do dinheiro, que foi exigida pelos professores presentes na visita.

Professores e comunidade indígena cobram providências urgentes das autoridades para garantir condições mínimas de funcionamento da escola, acesso à água potável, alimentação adequada para os alunos e respeito à dignidade da comunidade.

Em contrapartida, para os três grupos de empresas privadas que administram colégios no programa parceiro da escola o governo do Paraná já repassou R$ 155 milhões para administração de 82 instituições, entre os meses de janeiro e agosto deste ano, aproximadamente 236 mil reais por mês.

Leia mais notícias!

Facebook
Email
WhatsApp