Mãe que perdeu filho assassinado pela PM recebe ameaças

Diogo Fernando Souto Filheiro, de 38 anos, morto pela polícia

A mãe de um homem que foi assassinado pela Polícia Militar, em Curitiba, passou a receber nesta segunda-feira (16) ameaças por mensagens de Whatsapp. 

Desamparada, Roseli Souto, de 64 anos, entrou em contato com o gabinete do deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) para pedir ajuda. 

“Meu filho era uma pessoa que nunca pegou uma bala de ninguém. Ele era meu tudo, meu amigo, meu companheiro… Só morava eu e ele. Ele era meu tesouro, o amor da minha vida”, diz aos prantos. 

Em meio ao luto, a mãe está inconformada. “Essa incompetente dessa polícia veio e tirou meu filho de mim. Eu estou desolada, eu não sei o que fazer, eu quero justiça. Eu quero justiça porque esse menino jamais merecia ter morrido nessas condições. Por favor, eu preciso que você me ajude”, pediu. 

Na última terça-feira (10), a PM matou Diogo Fernando Souto Filheiro, de 38 anos, no bairro Boa Vista. A versão contada na imprensa foi de que Diogo foi assassinado por engano pela polícia. A PM disse que foi um “confronto”. 

A família rechaça a versão e destaca que uma arma foi “plantada” no local do crime. 

Segundo pessoas próximas da família, os policiais estariam atrás de Édson, irmão de Diogo.

O setor jurídico do gabinete do deputado Renato Freitas passou orientar a mãe que não sabe como agir diante das ameaças. 

“Era só ter pedido pro menino parar e ele parava. Não precisavam dar 17 tiros. Preciso de justiça pro meu filho, pelo amor de Deus. Agora de noite cá estou eu aqui sozinha, sem meu maior tesouro, meu companheiro, por causa desses incompetentes”, desabafa Roseli. 

PM achou que estava atirando em um suspeito de furto de celular 

Muito abalada, Roseli diz que o filho que está vivo não está foragido, que ele seria dependente químico e que, por isso, teria cometido pequenos furtos. 

Dias antes do assassinato de Diogo, Édson apareceu em imagens de câmeras de segurança divulgadas pela imprensa furtando celular no balcão de um comércio. Segundo a polícia, depois disso alguém teria anotado a placa do carro dele. 

Mais tarde, o irmão pegou o carro de Édson para dar uma volta, na terça-feira, por volta das 20 horas. 

Segundo a família, ele não sabia de furto e nem que o carro estava sendo procurado pela PM. 

Diogo foi baleado pela policia no pescoço e na cabeça, sem chance de defesa, e morreu na hora. “Não foi confronto, foi execução”, dizem testemunhas. 

A PM atirou 17 vezes. 

A mãe de Diogo, que morava sozinha com ele, não se conforma com a violência. 

“Eu não sabia que a polícia era orientada a localizar o carro e executar quem está dentro, sem saber se era a pessoa que estavam procurando. E se sou eu que estou dentro do carro, dirigindo, tinham me executado?”, questiona. 

 

Providências

O deputado estadual Renato Freitas determinou pedido de abertura de inquérito ao Ministério Público do Paraná e de sindicância na Corregedoria da PM, além de proteção para a mãe da vítima que está sendo ameaçada. O setor jurídico do gabinete orientou a família e deve dar respaldo às denúncias. 

 

Mortes causadas pela polícia disparam no Paraná

Na última quarta-feira (11), a PM matou sete pessoas em 24 horas, somente em Curitiba e Região Metropolitana. Foram cinco ocorrências oficialmente registradas, entre as quais há suspeitas de execução. 

O número de mortes causadas pela polícia do Paraná subiu 19% no ano passado em relação ao ano anterior. Foram 413 mortes em 2024, entre as contabilizadas pelo Ministério Público.

Facebook
Email
WhatsApp

autor

Brunna